quinta-feira, 27 de março de 2008

Mitos...

Mythbusters!

Adaptado do artigo “MYTHBUSTERS! Lets talk Teles!” do site Guitar Attack, junho de 2005 por Márcio Petracco e Iago Broxado.

“Nós adoramos o programa MythBusters da Discovery. Nós gostamos de ver
aquelas lendas urbanas morrerem nas mãos da análise e razão. Nós achamos que os caras do MythBusters poderiam fazer uma temporada inteira sobre o folclore e meias-verdades que imperam no ramo das guitarras.”

Como vocês sabem, nós da GuitarAttack estamos constantemente a procura de caçadores de equipamento, que esquecem que o componente mais importante de se tocar guitarra é, sem dúvida, ser capaz de tocar o instrumento. Isso tem sido um tema constante aqui na GuitarAttack World Headquarters desde que entramos online em 1998.

Durante uma navegada na web em junho de 2005 encontramos este tópico em um dos muitos fóruns sobre Telecasters, e nós o oferecemos para a sua avaliação. Depois de ler isto, nós pedimos que você pense no quanto você pratica e quanto tempo você passa no eBay atrás daquele “equipo dos sonhos”.


Que mitos sobre Teles eu gostaria de ver no MythBusters?

“Originalmente postado no Fórum TDPRI pelo usuário FlyFender, 10 de Março de 2004”.
http://www.tdpri.com/forum/telecaster-discussion-forum/14826-what-tele-myths-id-like-see-%22myth-busters%22.html



Alguém já viu esse programa? Eles testam completamente mitos que estão por aí desde sempre. Por exemplo, uma pessoa ser disparada de um canhão etc. Eu apostaria que 99% dos mitos sobre Teles seriam pegos.

Diferenças sonoras entre poly e nitro.
Corpos mais leves produzem melhor timbre.
Veios do braço reto = melhor timbre/sustain
Teste da firmeza do encaixe do braço
Testes de olhos vendados sobre diferenças sonoras entre alder e ash.

Na minha opinião, trocar cordas velhas por novas proporcionaria mudanças mais discerníveis no timbre do que as citadas acima.


Aqui está a resposta por ninguém menos que Ritchie Fiegler, empregado da Fender e cara das guitarras.


Como parte do que nós fazemos aqui no “trabalho” no já fizemos testes vendados e repetidos sobre todas as suas questões, então, com desculpas ao verdadeiro pessoal do MythBusters:

Diferenças sonoras entre acabamentos em nitro/poly:

Isso não faz tanta diferença quanto a diferença inerente entre duas guitarras. (Nota: Nós não temos exata certeza sobre o que ele está falando – talvez as inerentes diferenças entre uma strato e uma tele, por exemplo. À propósito, inerente significa “envolvido na constituição ou caráter essencial de alguma coisa”).

Corpos leves produzem melhor timbre:

Você teria que definir “melhor timbre”. Seria a guitarra pesada “muito brilhate”, ou ela “se destaca muito bem”? Teria a guitarra leve um timbre muito “esponjoso” ou macio? Tudo está em suas necessidades e expectativas.

Veios do braço retos = braço mais forte e com melhor timbre.

Reto é melhor e próximo é melhor também. Quando ele se move, tende a ser de uma forma mais quadrangular, mas às vezes não. É madeira sabe? Timbre melhor? Veja o #2.

Braços gordos = melhor timbre e sustain.

A única coisa que você pode realmente atribuir a um braço gordo é que ele é mais grosso que um fino.

Teste sonoro do encaixe do braço

Um braço bem encaixado no corpo tem uma aparência muito melhor, sem dúvida. Minha strato de ‘58 tem uma fresta de cerca de 1mm no encaixe e está calçado com um cartão dobrado de 40 anos de idade. A maioria das pessoas acha que essa guitarra soa bem. O único jeito de confirmar seria arruinar um encaixe do braço que fosse bem firme, numa guitarra que soe legal e testá-la. Nós ainda não fizemos isso.

Teste cego entre diferenças sonoras de alder e ash.

Veja #1.

RF

Mais tarde também foi postado:

Mais algumas coisas para arruinar o seu dia:

- Dê a 10 guitarristas de estilos variados guitarras similares pretas feitas de ash, alder e poplar. Em média qual a favorita? Poplar, por sua combinação de leveza, timbre balanceado e sustain.

- O que soa melhor? Valvulado ou transistorizado? É cerca de 50/50.
A grande porcentagem (acima de 90) não consegue diferenciar um transistorizado de um valvulado.

Lembre-se que esses são testes cientificamente conduzidos e repetidos as cegas. No momento em que você consegue ver o que estava sendo usado – todas as apostas estão erradas. E antes que você pense que esses caras não sacam de nada e que você se sairia melhor, muitos deles são o seu (e o meu) reis do timbre que, nem é preciso dizer, preferiram ficar anônimos.

RF


Então, o que você acha? Você consegue dizer a diferença entre um Gibson Burstbucker, um PAF antigo e um GuitarAttack AttackBucker? Será que você consegue tirar um “brown sound” de um POD? Voce acha que Ritchie tá falando besteira e que ash realmente soa melhor?

O que nós sabemos é que algumas guitarras soam melhores que outras e essa é a verdade básica. Nós também acreditamos que isso não é uma formula mística baseada em algum vodú ou na fase da lua, e sim, que é baseado no uso de materiais de qualidade e construção superior. Finalmente, nós acreditamos que o segredo de Stradivarius foi realmente ser um grande artesão, que não daria vez à matéria prima de baixa qualidade ou construção pobre para os seus violinos.

Nós acreditamos que o timbre que vem de um amplificador é uma combinação de todas as partes, e que, às vezes, diferenças são muito sutis. O captador da “guitarra A” pode ter recebido uma volta a mais ou a menos de fio na bobina, e a madeira do corpo pode, por alguma maluquice da natureza, ser mais ressonante. O braço pode ser de um pedaço um pouco melhor e mais reto de maple, e o trabalho de soldagem um pouco melhor. E o guitarrista pode ser muito, muito bom.

Então como saber se uma guitarra soa ou não soa bem? Eu recomendo ir numa loja que tenha uma boa quantidade de instrumentos e tocar alguns para você ver o que acha. Sim, nós compramos guitarras por lugares que as mandam pelo correio e agora percebemos que é como rolar os dados. Se nós tivéssemos que fazê-lo de novo, teríamos comprado essas guitarras numa loja local, para que pudéssemos avaliá-las antes de entregar o dinheiro.


Expectativas do “farejador de equipamento”.

Parte da experiência do farejador é feita de “expectativas”. Óbviamente uma Strat Sonic Blue ’62 soa melhor que uma nova. Tem que soar! Essa é a nossa expectativa. Ok... Também somos culpados desse tipo de pensamento desejoso. Acreditamos que essa expectativa combinada com uma fonte de informação (quem disse?) gera um fervor de síndrome de aquisição de equipamento (GAS) que não pode ser destruída por meios convencionais.

Nós já tocamos em muitas guitarras antigas, e aqui está a questão; algumas são excelentes, algumas são boas, e algumas não são muito melhores que lenha. Essas três “categorias” ocorrem dentro de um mesmo ano de fabricação e dentro do exato mesmo modelo. É por isso que , pra nós, é tão difícil comprar uma guitarra no eBay. Só podemos concluir que aqueles que o fazem não são realmente guitarristas, mas especuladores que estão dando lances numa COMMODITY e não no nosso verdadeiro amor, a guitarra que é tocada. Tivemos em mãos uma SG/Les Paul ’62 e, antes de devolvê-la por ter o braço quebrado e cuidadosamente disfarçado, passamos uns 4 dias tentando nos convencer de como ela soava e funcionava bem. Lembrando agora, ela nos teria servido melhor na lareira, porque tocava e soava horrívelmente. Simplesmente era assim, e essa é a verdade como nós a vemos. Sim... Ela tinha um PAF legítimo com um som que era uma bosta.

Então, como somos enganados? Aqui está uma experiência pessoal, e os nomes foram trocados para proteger os... bem, você sabe. Levamos uma de nossas guitarras FM northern ash com um humbucker e um single coil para o estúdio de um amigo para uma tarde de som. O guitarrista lá – Vou chamá-lo de Joe – tinha um equipo muito impressionante. Ele tinha duas strats equipadas com captadores de boutique, um novo Marshall valvulado half-stack e um velho Fender Super Reverb silver face ligados num A-B Box e um incrível arsenal de pedais de boutique muito caros.

Joe sempre foi um bom guitarrista e era muito orgulhoso da sua montanha de equipamento. Eu disse a ele que a FM tinha captadores enrolados a mão e envelhecidos e que eu queria que ele experimentasse. Ele pegou a guitarra, plugou no seu equipo e começou a gabar sobre como respondiam bem os tais captadores e como ele realmente gostava da “vibe” vintage da guitarra. Ele tocou a guitarra por um tempo e parecia genuinamente impressionado. Mais tarde, enquanto eu dirigia a caminho de casa, me senti extremamente culpado pelo que havia feito. A FM tinha um velho captador Ibanez na ponte e um captador de Strat japonesa dos anos ’80 no braço... E ambos eram completamente originais de fábrica.

Assim como Fox Mulder em “Arquivo X”, Joe queria acreditar. E vai continuar comprando equipamento desse tipo enquanto ele acreditar.
Então; o que devemos fazer? Em primeiro lugar, continuar praticando, povo guitarrista! Isso trará enormes dividendos. E aquela guitarra e amplificador que realmente não te deixam animado talvez venham a soar realmente excelentes dentro de poucas semanas. Segundo; compre uma guitarra de uma loja na qual você possa testar muitas outras, em um amplificador que seja similar ao seu. Por fim, repensem as suas estratégias no eBay!

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